Comitiva do governo visita projetos para preservação ambiental em São Bento

Objetivo é levar a ideia de consórcio intermunicipal e suas ações para outras regiões de SC

Por: Aline Cristiane dos Santos

9 de maio de 2024
às 15:05

• Atualizado 6 dias atrás.

Nesta quinta (09) e sexta-feira (10), representantes da Secretaria de Estado da Agricultura e do Instituto do Meio Ambiente (IMA) estarão em São Bento do Sul para conhecer diferentes iniciativas realizadas pelo município para favorecer a preservação ambiental, o turismo de natureza e as atividades nas propriedades rurais. O roteiro foi organizado e as visitas serão coordenadas pelo ex-prefeito Magno Bollmann, e começa a partir da Usina Rio Vermelho, onde o trabalho das biólogas do local será apresentado, inclusive apresentando fotos de animais raros, feitas por câmeras escondidas na mata.

A visita foi motivada por conta de uma série de ações realizadas pelo Consórcio Ambiental Quiriri, criado em 1997, tendo Bollmann como um dos fundadores. Um dos destaques das ações foi a implantação de unidades de conservação, as Áreas de Proteção Ambiental (APA). A iniciativa foi desenvolvida em conjunto com moradores de diferentes regiões de São Bento do Sul, como Rio Mandioca, Rio Vermelho e Rio Natal.

Magno lembra que ao ser lançada a ideia, no início dos anos 2000, havia certa resistência, tanto de produtores rurais como de investidores que queriam utilizar parte da área para o plantio de espécies exóticas, principalmente, pínus. Mas, com a a criação das APAs, a natureza foi preservada e os próprios agricultores entenderam a importância do projeto. “Hoje muitos deles nos agradecem porque entenderam que tem muito valor tudo aquilo que foi feito”, disse.

Quando houve a criação das unidades de conservação, conta Bollmann, mais de 4 toneladas (cerca de 3,2 milhões) de sementes de palmito foram plantadas na região, recompondo a natureza e proporcionando que os produtores pudessem gerar lucro a partir disso, pois tudo aquilo que é plantado pode ser colhido, desde que seja feito manejo correto. Parte das sementes foi entregue diretamente aos produtores, mas a imensa maioria foi despejada em toda região a partir de helicóptero.

Recentemente foi realizada a atualização do Plano de Manejo da APA, e as unidades de conservação de São Bento do Sul são consideradas como umas das mais bonitas do Brasil. E por conta destas belezas, a região hoje possui um dos circuitos de cicloturismo considerado destaque no país e no mundo. “O circuito do cicloturismo só foi possível implantar graças a esta preservação. E hoje é um dos nossos grandes atrativos do turismo de natureza”, destaca o ex-prefeito.

Ainda está no roteiro a visita a propriedades que fazem parte do programa de Pagamento por Serviços Ambientais, o PSA. Objetivo do programa é pagar aos proprietários de áreas às margens do rio Vermelho por ações que desenvolvam para preservação da mata ciliar e das margens. Diversos critérios são analisados e quanto mais se preserva, mais o dono do terreno recebe anualmente pelo trabalho desenvolvido. “Essa ideia do PSA trouxemos da Alemanha, de uma visita que fizemos em 2010”, revela Bollmann.

Graças ao PSA, o rio Vermelho, de onde é retirada a água que passa por tratamento e é distribuída à população de São Bento do Sul está sendo preservado, e mesmo em momentos de falta de chuva, os são-bentenses não tiveram problemas com abastecimento de água potável.

Outro benefício econômico gerado a partir da criação das APAs e da preservação do meio ambiente está relacionado às propriedades rurais, onde muitos agricultores hoje enxergam o turismo como uma fonte de renda importante, trabalhando com frutas vermelhas e recebendo visitantes em suas terras. Graças a isso também recentemente foi conferido o selo de identificação geográfica da banana produzida na região, considerada como a “Banana mais doce do Brasil”.

A reversão do êxodo rural também é um ponto destacado por Magno. Ele diz que antes os produtores das áreas de proteção tinham seu trabalho voltado à agricultura pesada, bastante desgastante. Hoje o processo é outro, com muitos atuando no ramo da agroecologia e dos orgânicos, com uma agricultura mais leve. “Onde trabalha toda a família. Até os jovens que não viam a hora de sair de casa e irem pra cidade agora estão de volta ao campo”, destaca.

Bollmann diz que se não fosse a preservação desta parte de São Bento do Sul e da região gerada a partir do Consórcio Quiriri, a realidade hoje seria bem diferente, pois muito daquilo que vem surgindo graças às belezas da região, poderia ter sido perdido ou sequer saído do papel. “Isso tem muito valor hoje, mesmo que lá atrás alguns ainda não tivessem percebido”, cita. Os representantes do governo também vão conhecer a Usina de Processamento de Resíduos, mantida pelo Samae, já que o lixo é um problema mundial e precisa de uma solução.

Objetivo
De acordo com o ex-prefeito, objetivo da visita dos integrantes do governo é conhecer os trabalhos desenvolvidos na região a partir da criação do Consórcio Quiriri, e com base nisso, levar a ideia para outras cidades e regiões de Santa Catarina. A ideia é criar 25 novos consórcios intermunicipais, envolvendo mais de 100 cidades. “Esta é uma ação que também pode favorecer o turismo de São Bento, já que representantes destas mais de 100 cidades vão vir para cá conhecer, e terão que ficar em hotéis, ir a restaurantes e conhecer nossa cidade e região”, lembra.

Bollmann tem 45 anos de vida pública e ao longo do tempo recebeu diversos prêmios por seu trabalho na área ambiental. Ele também foi o responsável pela criação da Cooperativa de Materiais Recicláveis em São Bento do Sul, já palestrou na Alemanha e no Japão devido aos projetos desenvolvidos, muitos deles após a criação do Consórcio Quiriri.