Maria Ziemann é um nome que, certamente, quem reside no bairro Rio Vermelho Povoado conhece. Mas, para quem ainda não ouviu falar, vale a pena conhecer a querida senhora que nesta sexta-feira (27) comemorou 90 anos de vida. E, ao longo destes anos, o que se percebe é a força — algo que, sem dúvida, é uma marca registrada — mas também a sua dedicação ao trabalho e à família. Quando a equipe de reportagem chegou, na tarde de quinta-feira (26), à sua residência, uma das primeiras coisas que mencionou foi que “não lembrava de muita coisa” da sua história.
Mas sim, ela lembra, e muito bem. Nascida no dia 27 de junho de 1935, até a juventude ajudou os pais, Salomea e Eugenio, na roça e na lida com os animais. Naquela época, havia apenas um vizinho na pacata estrada Alberto Torres. “A vila Centenário tinha duas ou três casas só”, conta.
Para estudar, precisava caminhar 12 km até a escola mais próxima. Inclusive, foi pelo empenho nos estudos que muitos a conhecem — afinal, fez disso a profissão, atuando como professora por 36 anos em São Bento do Sul. A primeira turma ela assumiu quando tinha apenas 18 anos, após se formar no magistério. Mas o que talvez alguns não saibam é que ela quase não aceitou a função, pois queria continuar no antigo emprego, na antiga Fábrica de Chocolates Buschle. O motivo? Não queria sair de perto dos pais, pois, para lecionar, teria que se mudar para o bairro Rio Vermelho Povoado. Mas os planos mudaram, e ela aceitou a missão — o que, sem dúvidas, virou uma das suas maiores paixões: passar seu conhecimento para outras pessoas.
Porém, naquele tempo, a escola em que começou a trabalhar tinha uma estrutura precária. Até mesmo em dias de chuva, o chão da sala era tomado por baldes para evitar que se inundasse. A turma era multisseriada, com alunos de todas as idades e, também, crianças que ainda não sabiam falar português — apenas alemão ou polonês. E, claro, como era a única funcionária, também precisava cuidar e preparar a alimentação dos menores.
A condição começou a melhorar quando o governador da época visitou o município e viu a situação. Com isso, começaram a construir uma nova escola, um lugar onde ela formou muitos são-bentenses e, até mesmo, os filhos Doroti, Jacira, Odenir, Landivo e Leonides foram seus alunos. “Ela era exigente. Teve um dia que chorei tanto, estava ensinando uma outra [colega] na prova, daí ela me deixou de castigo porque não era para ajudar”, diverte-se Jacira.
E o local onde passou boa parte da sua vida lecionando acabou ganhando o seu nome, a antiga Escola Maria Ferreira Ziemann, uma homenagem que recebeu quando se aposentou, na década de 1980. Porém, por um período, ela permaneceu fechada, reabrindo no ano passado, agora com o nome de Centro de Vivências e Desenvolvimento Socioemocional Professora Maria Ferreira Ziemann. Agora, com 90 anos de idade, ela garante: sente saudade da rotina de professora. “Sinto falta, bastante”, diz.

Bodega, jardim e família
Para quem vive pelas redondezas do bairro, há quem a assemelhe à tão conhecida Bodega dos Ziemann. Foi lá que ela ajudou o saudoso marido, Eraldo Ziemann, no atendimento ao público. “A mãe sempre dizia que o primeiro amor do pai era a bodega, segundo o gado e a terceira ela”, brinca Jacira.
Mas também havia algo que dona Maria gostava, o que, por conta da idade, teve o trabalho limitado: costurar, mexer com a terra, manter as rosas impecáveis no jardim e ler. A última até hoje é mantida, sendo que uma das primeiras tarefas do dia é a leitura do jornal A Gazeta. Quando questionada sobre o que mais gostava na edição, ela é categórica: “De tudo, só não gosto das notícias ruins”, entrega.

Também, o passatempo predileto da dona Maria é caça-palavras, mantendo a mente ativa e entretida. Nesta sexta-feira (27), no dia em que completou 90 anos, Maria recebeu a visita de familiares que foram parabenizá-la. Mas a festa, ou como Maria prefere chamar, a “festinha”, será neste domingo (29), algo mais intimista, com aqueles que são tudo para ela, ou seja, sua família, composta por cinco filhos, 12 netos e nove bisnetos. “Eles [os avós] são os meus exemplos, ela, como mulher, ela é minha mãe, meu exemplo para tudo”, diz, emocionada, a neta Lucineide Ziemann Aurich.
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