Os fios de bigode branco e cabelo preto teceram um livro, escrito e desenhado em folhas de caderno pelas mãos pequenas da estudante Alya Ferreira Leal, de 8 anos, estudante do 2º ano da escola Henrique Schwarz. A menina é uma das boas surpresas que o escritor Antonio Ramos descobriu desde que iniciou o projeto Diferente Sim, Indiferente Não, abarcando diversas oficinas de contos nas escolas.
Ele explica que os contos eram desenvolvidos pelas turmas de 4ª e 5ª série da escola, enquanto a turma da qual Alya faz parte recebeu como atividade criar capas para livros que não existiam. Alguns dias após concluir os trabalhos, Ramos recebeu da menina não apenas a capa, como a história e todas as ilustrações completas de um livro com o título “Cabelo Preto, Bigode Branco”. “Quando fiz a capa, já pensei na história. Aí decidi escrever e desenhar”, relata rapidamente Alya. Ainda pequenina e tímida, explica que as histórias saem “de algum lugar da minha imaginação”. “Na história, a menina tenta entender por que o bigode do avô é tão branquinho, se o cabelo dela é preto”, resume Alya.
A surpresa foi compartilhada com a diretora da escola e com os pais da menina. “A Alya é muito curiosa, nos pergunta tudo em casa. Quando não sabemos algo, procuramos na internet para conseguir responder a ela”, explica a mãe, Cristina Ferreira Miguelone. A mãe de Alya explica ainda que a menina fez o livro em três dias mais ou menos. “Ela nos mostrou, e meu marido digitou a história, para evitar perder os papéis e também corrigir os errinhos. Ela vai bem na escola e também lê muitos livrinhos e gibis trazidos da escola”, orgulha-se.
Para a diretora Patrícia Bayerl, o que mais chama a atenção na história criada pela garota é a lição. “Ela fala do respeito que os jovens devem ter pelos mais velhos, assunto que poucas crianças nesta idade possuem noção. Acredito que o fato da família sempre acompanhar a vida escolar contribuiu muito, pois a iniciativa de escrever o conto partiu dela mesma”, elogia.
O livro, agora, será disponibilizado na internet em uma versão digital, mas a família ainda não sabe se haverá edição impressa do material. Alya passou por várias turmas mostrando o seu livro e conversando com colegas sobre o processo de escrita. Agora, a menina também é o mais jovem membro da Academia de Letras de São Bento do Sul, mas segue a rotina normal de escola, casa e muitos livros pelo meio. Alya afirma que sim, quer continuar escrevendo e contando muitas histórias.