Governo de SC anuncia pacote de R$ 435 milhões para apoiar empresas afetadas por tarifas dos Estados Unidos

Em uma ação direta para mitigar os impactos de novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, o governador Jorginho Mello anunciou nesta quarta-feira (13) um pacote de socorro de R$ 435 milhões destinado a apoiar os setores produtivos de Santa Catarina. As medidas, que combinam alívio tributário e financeiro, visam dar fôlego para as empresas fortemente dependentes do mercado norte-americano e preservar mais de 73 mil empregos.

O estudo divulgado pela Secretaria de Estado da Fazenda (SEF) revela um cenário preocupante: 95% dos R$ 9,9 bilhões exportados anualmente por Santa Catarina para os EUA serão diretamente afetados pelas novas barreiras comerciais. O montante impactado chega a R$ 9,4 bilhões e atinge 829 empresas catarinenses, que juntas faturam R$ 250 bilhões por ano e empregam 281 mil pessoas.

O setor de madeira e seus derivados é o mais vulnerável, respondendo por 41,9% do total afetado, com R$ 3,9 bilhões em exportações. Outros segmentos críticos incluem a produção de blocos de motor, compressores e bombas (R$ 1,6 bilhão) e motores elétricos (R$ 1,4 bilhão). Geograficamente, a região Norte do Estado concentra o maior volume de exportações impactadas, com R$ 4,2 bilhões (44%).

O secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, Silvio Dreveck, detalhou as ações. “O governador Jorginho Mello acabou de divulgar ajuda para os setores exportadores. Nossa região é mais de móveis e madeira, entre outras coisas”, afirmou.

O plano de auxílio, que totaliza R$ 134 milhões em medidas tributárias e R$ 301 milhões em linhas de financiamento, foi estruturado em duas frentes principais. “É hora de manter os pés no chão e agir com firmeza para proteger quem está gerando emprego e renda em Santa Catarina. Vamos estar ao lado de quem mais precisa para continuar produzindo, investindo e fazendo a nossa economia girar”, afirmou o governador Jorginho Mello.

Apoio tributário
Entre as medidas está a liberação de crédito de ICMS. As empresas com créditos de ICMS acumulados de exportação terão a liberação do saldo. Segundo o secretário, “vai ser liberado em três parcelas”. A medida beneficiará 295 empresas, com um valor total de R$ 62 milhões.

Ainda haverá a prorrogação do pagamento do ICMS por 60 dias, válida por um trimestre. Dreveck esclareceu que, “apesar de exportarem, [as empresas] também têm mercado interno que tem ICMS”. Esta ação, que também se aplica às 295 empresas mais afetadas, representa um alívio de caixa de R$ 36 milhões mensais.

O governo, por meio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), oferecerá R$ 265 milhões em capital de giro para cobrir custos fixos por um período de quatro meses, beneficiando 251 empresas e cerca de 18 mil empregos. Foram anunciadas duas linhas de crédito com condições altamente subsidiadas. A linha em dólar, com um montante de R$ 165 milhões, terá taxa de variação cambial mais 3% ao ano, com o Estado subsidiando aproximadamente 6 pontos percentuais em relação às taxas de mercado.

Já a linha em reais, no valor de R$ 100 milhões, terá uma taxa fixa de 9% ao ano. “Os juros do mercado estão na ordem de 20% ao ano. Se pagar 9%, está menos de 1% ao mês”, destacou Dreveck, enfatizando a vantagem da condição. O subsídio do Estado aqui é de cerca de 10 pontos percentuais.

As condições de pagamento foram pensadas para dar um respiro prolongado às empresas. “Essas linhas de crédito têm um período de carência que é de 12 meses, mais 24 para o pagamento. A gente vai dar um fôlego aí para os exportadores”, explicou o secretário, confirmando os prazos de 12 meses de carência e 24 de amortização.

No jornal impresso desta quinta-feira (14), você confere a matéria completa, incluindo a cadeia produtiva, as empresas críticas e a avaliação do Sindusmobil sobre medidas federais e negociações com os Estados Unidos.