Dona de um estilo inconfundível, Rita Lee deixou um legado incomparável na música brasileira. Sua trajetória, pautada por autenticidade, ousadia e talento, quebrou barreiras e abriu espaço para novas gerações — especialmente no que diz respeito à presença feminina no rock. Mais do que uma artista, ela se tornou um verdadeiro símbolo de liberdade, transformação e resistência.
“Desde os Mutantes, nos anos 60, passando pelo Tutti Frutti na década de 70 e sua carreira solo ao lado de Roberto de Carvalho, ela [Rita Lee] foi um fenômeno. Nenhum outro artista teve tanto carisma, talento e força disruptiva no rock brasileiro”, afirma Ciro Visconti, professor do curso de Música da Faculdade Santa Marcelina.
A seguir, veja 4 motivos que consagram Rita Lee como a rainha do rock nacional!
1. Uma mulher à frente do tempo
Em um ambiente predominantemente masculino, Rita Lee se destacou por sua postura ousada, sua habilidade com instrumentos e sua forma direta de compor. “Ela cantava sobre a própria sexualidade, fazia críticas sociais com ironia e dava voz a temas que ainda eram considerados polêmicos. Isso teve um impacto profundo em várias gerações de garotas que, ao vê-la, descobriram que também podiam ter uma banda, compor, cantar e tocar guitarra”, destaca Ciro Visconti.
2. Mistura de estilos como força criativa
Embora sempre associada ao rock, Rita Lee transitou por diferentes gêneros musicais. Incorporou elementos do pop, da MPB, do jazz e até de baladas, criando uma sonoridade única e envolvente. “Ela entendia que o rock se fortalece com a mistura, e foi genial em fazer isso de forma natural. Mas, acima de tudo, suas letras eram impecáveis. Ela sabia escrever rock em português como poucos com profundidade, ironia e inteligência”, avalia Ciro Visconti.

3. Influência duradoura
Mesmo após sua partida em 2023, aos 76 anos, a influência de Rita Lee segue presente. Seus discos dos Mutantes à fase solo, suas biografias, sua peça teatral e sua militância em causas como os direitos dos animais mantêm seu legado vivo. “Ela abriu caminhos. Hoje temos artistas como Pitty, que seguem essa trilha, mas a contribuição da Rita vai além do gênero. Qualquer roqueiro brasileiro, direta ou indiretamente, bebeu dessa fonte”, afirma o professor.
4. Símbolo atemporal
Para Ciro Visconti, a verdadeira dimensão da artista ainda será mais bem compreendida com o tempo. “Falta ainda um distanciamento histórico, mas já é possível afirmar: sua obra é de altíssima qualidade e atravessa gerações. Rita Lee foi — e continua sendo — uma força criativa inigualável no cenário musical brasileiro”, finaliza o professor.
Por Nágila Pires
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