Terça-feira, 24 de junho de 2025

9 livros para estudar história nas férias de julho

Veja recomendações de obras literárias para aprender acontecimentos históricos

• Atualizado 13 horas atrás.

Capa do livro
Em “As Meninas”, a vida de três universitárias durante a Ditadura Militar revela os impactos da repressão política e dos conflitos íntimos e sociais (Imagem: Reprodução digital | Companhia das Letras)

As férias escolares do meio do ano, muito aguardadas pelos estudantes, estão chegando! E o período representa o momento ideal para descansar, viajar, rever amigos e familiares, além de concentrar-se nas metas de estudo. Muitos jovens, nos anos finais do Ensino Fundamental, ou aqueles que se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e os vestibulares mais concorridos do país, aproveitam esse tempo livre para a revisão de conteúdo.

A leitura pode ser uma forma leve e prazerosa de mergulhar em contextos históricos, desenvolver senso crítico e ampliar o repertório cultural — tudo isso sem renunciar ao descanso. “Durante as férias, a leitura de obras literárias com conteúdo histórico permite ao estudante refletir sobre o passado com mais empatia, interesse e envolvimento”, afirma Ana Paula Aguiar, professora e autora de História do Sistema de Ensino pH.

Segundo Raphael Amaral, professor e autor do Sistema Anglo de Ensino, a leitura de obras literárias de relevância histórica não deve ser encarada como uma alternativa ao estudo tradicional, mas como um complemento essencial à rotina de aprendizagem. “Os estudantes não devem escolher entre estudar e ler um livro. Não pode ser entendido como uma bifurcação, pois é sempre na mesma estrada em que as duas ações caminham juntas”, afirma.

De acordo com os especialistas, romances históricos podem ser excelentes aliados de uma aprendizagem significativa. Confira a lista de livros selecionados por professores que unem literatura, história e entretenimento, para estudantes do Ensino Fundamental II, Médio e vestibulandos:

1. As Meninas, de Lygia Fagundes Telles (1973)

Capa do livro "As Meninas" com flores sobre listras verticais coloridas
Em “As Meninas”, a vida de três universitárias durante a Ditadura Militar revela os impactos da repressão política e dos conflitos íntimos e sociais (Imagem: Reprodução digital | Companhia das Letras)

Recomendado por Ana Paula Aguiar e escrito pela brasileira Lygia Fagundes Telles, o livro acompanha a vida de três jovens universitárias — Lorena, Ana Clara e Lia — que compartilham um pensionato em São Paulo durante a Ditadura Militar. Cada uma enfrenta dilemas pessoais e sociais, como repressão política, drogas e conflitos familiares. A narrativa entrelaça suas vozes, revelando angústias e desejos em meio à opressão da época.

2. Canção para Ninar Menino Grande, de Conceição Evaristo (2018)

Capa do livro com homem negro sentado segurando flor em ambiente com espelho
Em “Canção para Ninar Menino Grande”, feridas da escravidão, racismo estrutural e masculinidades são exploradas (Imagem: Reprodução digital | Editora Pallas)

Ana Paula Aguiar também recomenda a obra, escrita pela brasileira Conceição Evaristo, que nos conduz por uma narrativa que expõe as feridas deixadas pela escravidão, o peso do racismo estrutural e as contradições da masculinidade no Brasil. Por meio da história de Fio Jasmim e das mulheres que o cercam, a autora constrói um retrato íntimo e ao mesmo tempo coletivo das subjetividades silenciadas ao longo da história.

3. Oliver Twist, de Charles Dickens (1838)

Menino segurando tigela diante de homem em ambiente de refeitório
Em “Oliver Twist”, um órfão enfrenta abusos, pobreza e exploração nas ruas de Londres enquanto busca dignidade e afeto (Imagem: Reprodução digital)

De autoria do inglês Charles Dickens, o livro indicado por Ana Paula Aguiar narra a trajetória de um órfão que enfrenta abusos, pobreza e exploração nas ruas de Londres. Ao longo da história, Oliver busca dignidade e amor, mesmo cercado por criminosos e injustiças sociais. A obra critica as condições das classes desfavorecidas na Inglaterra vitoriana.

4. Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva (2015)

Capa azul do livro "Ainda Estou Aqui" com nome do autor e título em letras cursivas
Em “Ainda Estou Aqui”, Marcelo Rubens Paiva conta sua história pessoal marcada pela repressão durante a Ditadura Militar brasileira (Imagem: Reprodução digital | Editora Alfaguara)

A obra, que recentemente ganhou a versão adaptada para o cinema e recebeu três indicações ao Oscar, levou a estatueta de Melhor Filme Internacional de 2025. “O livro mistura memórias pessoais e História do Brasil ao narrar a trajetória de Marcelo Rubens Paiva, filho do deputado Rubens Paiva, desaparecido político durante a Ditadura Militar brasileira. A obra resgata a repressão, o silenciamento e os impactos dessa violência estatal nas famílias, oferecendo um olhar sensível e crítico sobre esse período da história recente do Brasil”, comenta Raphael Amaral.

5. 1984, de George Orwell (1949)

Capa do livro "1984", de George Orwell, com ilustrações de olhos e uma televisão
Em “1984”, um regime totalitário controla todos os aspectos da vida, oferecendo um alerta sobre autoritarismo e manipulação da verdade (Imagem: Reprodução digital | Companhia das Letras)

De acordo com Raphael Amaral, esse é um clássico distópico que retrata um regime totalitário em que o Estado controla todos os aspectos da vida dos cidadãos, inclusive o pensamento. Escrita após a Segunda Guerra Mundial, a obra funciona como um alerta contra regimes autoritários, a vigilância extrema e a manipulação da verdade, temas que continuam atuais em debates sobre democracia e liberdade.

6. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (2020)

Homem negro em prancha de piscina dentro de uma casa
Em “O Avesso da Pele”, um filho revisita a trajetória do pai morto em uma abordagem policial, em uma narrativa sobre racismo no Brasil contemporâneo (Imagem: Reprodução digital | Companhia das Letras)

Segundo o Raphael Amaral, este livro “apresenta, por meio de uma narrativa intimista e potente, a história de um filho que revisita a vida do pai, professor negro morto em uma abordagem policial. Ambientado no Brasil contemporâneo, o romance discute racismo estrutural, relações familiares, identidade e violência policial, revelando a persistência de desigualdades históricas no país”.

7. Maus, de Art Spiegelman (1986)

Dois ratos humanizados diante de símbolo nazista estilizado com cabeça de gato
Em “Maus”, o Holocausto é narrado em forma de quadrinhos a partir da perspectiva de um filho de sobreviventes (Imagem: Reprodução digital | Editora Quadrinhos na Cia)

O autor, filho de sobreviventes de campo de concentração, nascido em Estocolmo em 1948 e educado nos EUA, começou a desenhar quadrinhos aos 16 anos. Reconhecido mundialmente, ganhou o Pulitzer e foi indicado ao National Book Critics Circle por “Maus”, obra autobiográfica que retrata o Holocausto e a luta dos judeus poloneses para sobreviver, usando quadrinhos, gênero atraente para estudantes.

De acordo com Luiz Cláudio de Araujo Pinho, professor de Filosofia e Sociologia e autor da Rede Pitágoras, por tratar de temas delicados, é mais recomendada para 8º e 9º anos, últimos anos do ensino fundamental, pois é importante contextualizar bem as situações, com apoio das informações históricas apresentadas no livro didático.

8. Entre 3 mundos, de Lavínia Rocha (2022)

Jovem negra flutuando enquanto livros e cores se espalham ao seu redor
Em “Entre 3 Mundos”, conflitos sociais, questões étnico-raciais e direitos humanos são ressignificados para jovens leitores a partir de uma trama fantástica (Imagem: Reprodução digital | Editora Gutenberg)

A autora, natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, é escritora, palestrante, professora, revisora, leitora crítica e de sensibilidade. Começou a escrever ainda criança, aos 11 anos, e já publicou vários livros, mas com a trilogia “Entre 3 mundos” mostrou grande conhecimento da formação social e cultural do nosso país.

Segundo Luiz Cláudio de Araujo Pinho, a autora ressignifica os temas e conflitos da nossa sociedade para leitores a partir de 12 anos, ou seja, uma leitura que pode ser feita a partir do 6º ano do Ensino Fundamental e que pode ser utilizada para abordar vários temas até o 9º ano.

“A autora aborda questões sociais muito profundas que são tratadas pela trama e que podem ser ampliadas na sala de aula como cidadania, participação política, questões étnico-raciais, direitos humanos, movimentos sociais, lutas sociais de negros e mulheres”, completa.

9. Persépolis, de Marjane Satrapi (2000)

Capa do livro "Persépolis" com garota com véu caminhando diante de cenário em guerra
Em “Persépolis”, a infância e o amadurecimento de uma menina iraniana revelam os efeitos da Revolução Islâmica sob uma linguagem visual acessível (Imagem: Reprodução digital | Cia. das Letras)

Marjane Satrapi, aos 10 anos, testemunhou o início da revolução islâmica que instaurou um regime xiita no Irã em 1979. Vinte e cinco anos depois, narrou sua experiência na história em quadrinhos “Persépolis”, misturando cultura pop, história e drama. Para Luiz Cláudio de Araujo Pinho, além de emocionar o leitor, a obra vai deixar os estudantes interessados porque as situações são mostradas do ponto de vista de uma garota que vai amadurecendo e se tornando mulher conforme a história se desenrola.

A linguagem é divertida e cabe muito bem para 8º e 9º anos do ensino fundamental. “Os professores podem abordar temas como diversidade cultural, gênero, violência contra a mulher, islamismo, alteridade, direitos humanos, regimes políticos, cidadania etc.”, finaliza.

Por Laura Ragazzi


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