A juíza da 2ª Vara Criminal, Monike Silva Póvoas, realizou ontem a primeira audiência de instrução de L.J.G., acusado de estuprar suas duas filhas mais velhas durante anos. A sessão iniciou por volta das 14 horas, no Fórum da Comarca de Rio Negrinho, e contou com o depoimento de três policiais militares, três conselheiras tutelares e uma assistente social.
O réu é acusado de crimes contra a dignidade sexual, como estupro contra vulnerável com agravantes de tortura e coação no curso do processo. Ele foi preso em meados do ano passado, depois de uma denúncia anônima, e continuará no Presídio Regional de Mafra aguardando o julgamento.
De acordo com uma das testemunhas, o policial militar Lara, a polícia já tinha atendido uma ocorrência na família em 2007. “Uma das filhas do réu tinha fugido da residência e fomos chamados para averiguar o caso”, revelou.
Conselheira pede justiça
A conselheira tutelar Vera Lúcia de Oliveira também estava entre as testemunhas. Ela teve o primeiro contato com as jovens desde que o caso foi descoberto. Segundo ela, as filhas do réu estavam pedindo liberdade. “Lembro até hoje da súplica da filha mais velha. Ela implorava por ajuda e queria muito mudar de vida”, relatou. Vera acredita que a denúncia não foi feita antes devido as chantagens que o pai fazia. “As meninas contaram que ele ameaçava matar toda a família se os abusos fossem revelados”, delatou.
Conforme Vera, depois da prisão do pai, as filhas se mudaram para outra cidade e estão recebendo acompanhamento psicológico para tentar superar o trauma. “A maior preocupação delas é de como contar para as crianças que elas são filhas do pai da mãe delas”, disse, confusa. Apesar de ter sido apenas a primeira audiência, a conselheira espera que seja feita justiça. “O réu não teve dó das filhas quando fez isso. Por isso, espero que ele receba uma sentença justa”, afirmou.
No depoimento, ele contou que encontrou a jovem na casa de uma mulher que possivelmente teria a acolhido. “Quando encontramos a filha dele, ela estava muito nervosa e relatou que havia saído de casa porque o pai queria estupra-la”, contou.
Na época que o policial atendeu o caso, a menina já tinha uma filha de dois anos e ainda revelou que era abusada sexualmente desde os cinco. Quando ela decidiu fugir, tinha aproximadamente 17 anos. “Lembro que a jovem contou que o pai agia dentro de casa e a mãe tinha conhecimento dos fatos, mas como era constantemente ameaçada, não conseguia intervir no caso”, explicou.
Depois de avisar a família que a filha tinha sido encontrada, o policial tentou averiguar se o depoimento da jovem era verdadeiro. “Naquele tempo, a mãe acabou negando tudo o que a filha tinha afirmado, pois estava na presença do marido e o medo falou mais alto”, disse. Segundo o policial, desde aquele ano não teve mais contato com a família.