Nesta quarta-feira (03), agentes do Programa de Controle da Dengue de São Bento do Sul realizaram levantamentos em áreas próximas a uma empresa de ônibus localizada no bairro Serra Alta, quase na divisa com o bairro 25 de Julho. Na empresa, sexta-feira passada, foi encontrado mais um foco do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, em uma das quase 350 armadilhas espalhadas pelo município.
Conforme determina o Ministério da Saúde, todos os imóveis existentes em um raio de 300 metros a partir do foco precisam ser vistoriados. Pela manhã, os agentes Jerri Cristofolini – também coordenador do programa – e Cleide Adriana Dias passaram em residências e empresas com o objetivo de encontrar possíveis ambientes propícios à fêmea do mosquito. “Todas as larvas são suspeitas”, ressaltou Jerri.
Vários proprietários de residências não estavam em casa no momento da visita dos agentes. Assim, foram deixados materiais explicativos sobre o tema e também fichas de controle com dados das visitas. Os agentes retornarão a estas casas em outro dia. Aos proprietários encontrados em casa os agentes pediram permissão para fazer uma varredura no terreno do imóvel.
Na casa da professora Vanessa Rank, 28 anos, por exemplo, não foi encontrado nada que possa abrigar focos do Aedes. Ela foi bastante receptiva à equipe do Programa de Controle da Dengue. “É a saúde da população que está em jogo”, disse ela, que mora na rua Carlos Fürst.
Mais sorte do que juízo
Em uma residência na rua Carlos Fürst, os agentes passaram por uma situação complicada. Após receberem autorização da dona da casa para entrar no terreno, a equipe de controle da dengue foi interpelada pelo marido da proprietária e teve de sair do local. Antes, porém, a equipe do programa ainda conseguiu flagrar, no quintal da casa, uma banheira e uma caixa d’água infestadas com larvas.
O coordenador do Programa de Controle da Dengue ainda tentou esclarecer o procedimento adotado e que havia recebido autorização para entrar no terreno, mas o proprietário, alterado, não quis saber das explicações. As larvas foram analisadas no laboratório do CVS, mas também não eram do transmissor da dengue. Se fossem e o proprietário novamente tentasse impedir o trabalho dos agentes, uma das medidas seria solicitar apoio policial.
Itajaí sofre com a dengue e deixa SC em alerta
Em relatório divulgado ontem pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) estadual, Itajaí aparece com 49 casos confirmados de dengue, 17 a mais do que o divulgado na segunda. O município decretou situação de emergência. Desse total, 48 foram contraídos no próprio município, situação chamada de caso autóctone. Segundo a Dive, este é o primeiro ano em que o estado apresenta mais casos de contaminação da dengue dentro de Santa Catarina do que os chamados “importados”, em que a pessoa contrai a doença em outro estado. Isso sinaliza que o vírus está circulando em Santa Catarina, que, no total, já tem 58 casos confirmados. Essa situação traz um risco maior para a população do que os casos importados.
Em uma olaria – localizada na mesma rua –, os agentes depararam-se com uma caixa d’água aberta, mas sem larvas. “O ideal é deixá-la fechada”, solicitou Jerri à representante da empresa. Na olaria, porém, foram encontrados pneus com água parada e inúmeras larvas, as quais ontem mesmo foram analisadas no laboratório do Centro de Vigilância em Saúde (CVS) de São Bento do Sul. O resultado deu negativo, ou seja, não eram larvas do mosquito da dengue. Os agentes solicitaram que os pneus sejam acomodados em locais fechados, que dificultem a entrada de água. O trabalho de varredura no local continua hoje.
O ovo, o inseto e a doença
“O ovo pode durar até um ano e meio no local, mesmo sem contato com a água”, esclareceu Cleide. Nesse período, se houver contato com o líquido, o ovo eclode e dá origem à larva. Uma única fêmea pode depositar centenas de ovos neste raio de abrangência. São necessários, em média, sete dias para uma larva se transformar em mosquito adulto.
A dengue é transmitida pelo inseto infectado com o vírus da doença, que pode ser mortal. Este mosquito costuma picar durante o dia, principalmente no início da manhã e no final da tarde. Os sintomas são febre, dor de cabeça, dor no corpo e dor por trás dos olhos. A pessoa com dengue também pode apresentar dor nas juntas e manchas vermelhas na pele.
Se a pessoa esteve, nos últimos 15 dias, em alguma cidade com presença do Aedes aegypti ou com transmissão da dengue e tiver estes sintomas, deve procurar imediatamente uma unidade de saúde. Neste ano, em São Bento do Sul, já foram confirmados sete focos do mosquito, nos bairros Oxford, Alpino, Cruzeiro, Rio Negro e Serra Alta. O controle é necessário para evitar que não haja proliferação do mosquito. A transmissão pode ocorrer se o mosquito que contém o vírus picar alguém.