Com mais uma larva do Aedes aegypti encontrada na tarde de segunda-feira (26), em uma oficina mecânica localizada no bairro Rio Negro, já são cinco focos do mosquito transmissor da dengue em 2015. A título comparativo, em todo o mês de janeiro de 2014, foram apenas dois casos registrados. O coordenador do Programa de Controle da Dengue de São Bento do Sul, Jerri Cristofolini, informa que os demais focos deste ano foram encontrados no dia 6, em um ferro-velho localizado em Oxford; no dia 17, em uma armadilha no bairro Alpino; e na quinta-feira passada, dia 23, no cemitério do bairro Cruzeiro.
No cemitério do Cruzeiro, foram dois focos encontrados quinta-feira. “A nossa sorte é que o cemitério é pequeno e há poucas casas por perto”, diz a diretora do Centro de Vigilância em Saúde (CVS), Luciane Scatolon. Quando um foco do Aedes é encontrado, agentes vasculham o entorno da área em um raio de até 300 metros. É nesta área de abrangência que a fêmea pode depositar mais ovos. Luciane destaca que as condições climáticas atuais – com chuva e calor – são propícias para a fêmea do mosquito depositá-los.
Lei já existe
Desde o ano passado está em vigor a lei municipal que estabelece a utilização dos vasos considerados ideais nos cemitérios são-bentenses, os quais têm que ser perfurados, não acumulando água, dessa forma. Jerri ressalta que a água não precisa ser necessariamente limpa para oferecer condições à fêmea do mosquito. Segundo ele, aos poucos, os familiares de entes queridos têm adequado os vasilhames. “Porém, temos encontrado maiores problemas nos cemitérios da Dona Francisca e do Cruzeiro”, lamenta. A diretora do CVS, por sua vez, explica que agentes comunitários de saúde já estão passando nas casas para fazer um trabalho de conscientização junto à população. “Também pretendemos fazer uma reunião com a associação de moradores”, destaca Luciane.
Mudanças na fiscalização
A partir de março, conforme pactuação feita com a Secretaria de Estado de Saúde, os agentes de combate à dengue passarão a ser acompanhados por fiscais da Vigilância Sanitária nas visitas a estabelecimentos comerciais (oficinas, ferros-velhos, borracharias, etc). Os estabelecimentos que não estiverem atuando dentro das normas sanitárias exigidas serão autuados pelos fiscais, uma vez que os agentes de combate à dengue não têm esse poder.
Doença não existe
Conforme Luciane e Jerri, a dengue, doença que pode ser fatal, não existe em São Bento do Sul. O controle é necessário para evitar a proliferação do mosquito, o qual pode picar alguém contaminado – vindo de fora, por exemplo – e transmitir a enfermidade.
Em vasos com areia
No bairro Cruzeiro, ambas as larvas foram encontradas em água parada em vasos com areia. “A areia até pode ser utilizada, mas o material precisa ser trocado a cada sete dias”, destaca Jerri. Segundo a diretora do CVS, os agentes adotaram uma medida emergencial no cemitério em questão, colocando areia nos vasos. “O ovo do Aedes é muito perigoso, porque pode durar até um ano e meio no mesmo local”, esclarece Jerri. Por isso, a vigilância tem que ser constante. Não é à toa que em São Bento do Sul são vistoriados quinzenalmente 87 pontos estratégicos (como borracharias, oficinas, empresas de recicláveis, etc). No município também há 348 armadilhas, vistoriadas semanalmente, em busca de focos.
Conforme Luciane, o procedimento correto no bairro Cruzeiro seria deixar os vasos virados, a exemplo do que ocorreu no cemitério do Centro, em janeiro do ano passado. Mas, naquela situação, a quantidade de túmulos é bem maior e existem muitas residências e estabelecimentos comerciais nas proximidades. Os profissionais do Programa de Controle da Dengue acreditam que, se a medida não tivesse sido tomada na área central, a situação atualmente poderia ser bastante delicada.
Caso sejam encontrados mais focos no cemitério do bairro Cruzeiro, outras medidas terão que ser tomadas, até mesmo inutilizando os vasilhames, de acordo com Luciane. O zelador e coveiro Irineu de França, que trabalha no local, diz que, sempre que percebe água em algum vasilhame, faz questão de derramá-la. No próprio cemitério ele também mostra à população quais são os modelos de vasos considerados ideais.
Informações e denúncias: 3635-2228 (Vigilância Sanitária)
Jerri Cristofolini, coordenador do Programa de Controle da Dengue, e Luciane Scatolon, diretora do Centro de Vigilância em Saúde