Há tempos moradores dos arredores da rua das Margaridas, na Vila São Paulo, têm passado por situações que, segundo eles, seriam decorrentes das obras da Prefeitura na própria via e de trabalhos no pátio da Tuper. A dona de casa Déssica da Silva de Melo, 25 anos, conta que, com uma chuva ocorrida no fim de novembro, sua casa foi invadida pela água.
Segundo ela, devido aos trabalhos que estariam em andamento no pátio da empresa, a água da chuva acaba encontrando vazão apenas no outro lado da via, invadindo imóveis existentes no local. No início do ano, o rompimento de uma tubulação abriu uma enorme cratera na via, sendo que os serviços de drenagem efetuados pelo poder público não têm se mostrado eficientes, conforme a moradora.

Déssica explica que esses dois fatores contribuem para que os moradores sejam prejudicados diante de tal situação. “Antes não existiam esses problemas”, diz ela, que mora há 20 anos na referida área e há cinco na atual residência. “Isso iniciou quando a empresa começou a construir”, comenta, referindo-se à unidade de óleo e gás. “Essa boca de lobo aí não dá conta do recado”, emenda o aposentado Ângelo Carvalho do Nascimento, 65 anos, apontando para o local que deveria absorver a água. Ele afirma que sua residência também foi invadida pela água na semana passada.
RACHADURAS E BARULHO
Moradores locais declaram que obras da Tuper seriam responsáveis por rachaduras em casas e em um supermercado localizado na rua das Margaridas, praticamente na esquina com a rua João Malinowski. Déssica mostrou algumas das rachaduras no interior de sua residência. “Elas (as rachaduras) também começaram com a construção”, afirma. A comerciante Elizete Marciniak, 40 anos, ressalta que, além do estabelecimento comercial, sua casa – que fica anexa – igualmente contém rachaduras.
Outra reclamação diz respeito ao barulho que seria proveniente da empresa. Déssica inclusive tem cópia de um abaixo-assinado subscrito por 186 moradores, datado de 2010. O material reivindicava, já na época, “a diminuição do barulho à noite”, pois a vizinhança estava – e está – com dificuldade para dormir. Já em 2012, houve o registro de boletins de ocorrência narrando o mesmo problema.
VERSÃO DA PREFEITURA
Após o rompimento da tubulação, no início do ano, uma cratera se abriu na rua das Margaridas. Mesmo com intervenções da Secretaria de Obras no local, o buraco na estrada ficou maior ainda após algum tempo. Parte da camada asfáltica cedeu na ocasião.
Novas frentes de trabalho foram desenvolvidas pela secretaria durante o ano, mas as fortes chuvas de junho fizeram com que novos problemas surgissem na via. O diretor de Obras de São Bento do Sul, Vilmar Grosskopf, comenta que fará uma vistoria no local. “Precisamos avaliar melhor essa situação”, diz. “Não posso dar um parecer exato neste momento”, continua. “Se a água também vem do pátio, a empresa igualmente precisará tomar alguma providência”.
VERSÃO DA EMPRESA
Por meio de sua área jurídica, a Tuper Óleo e Gás esclarece que a unidade foi construída – em 2010 e 2011 – “dentro de rigorosos padrões de controle de qualquer engenharia e acompanhamento”, conforme palavras do advogado Dario Prada. “Não houve qualquer constatação de danos às construções limítrofes”, explica.“

Aproveitamos para mencionar que todo o projeto de escoamento pluvial foi amplamente discutido com as autoridades municipais e com a Secretaria de Obras de São Bento do Sul, sendo, inclusive, superdimensionado”, ressalta. “O projeto foi aprovado pela Secretaria Municipal de Obras”, acrescenta Prada.
Segundo ele, parte das águas pluviais provenientes do telhado e do pátio da unidade é alocada no sistema pluvial da rua João Malinowski. “Ressaltamos que o Município de São Bento do Sul tem ciência do projeto realizado e do dimensionamento de águas pluviais, tendo sido aprovado pelos departamentos responsáveis junto à Prefeitura”, comenta o advogado, encerrando: “A Tuper mantém estreita ligação com a comunidade e autoridades locais e está à disposição para discutir os projetos técnicos realizados, bem como o impacto na região”.