Representantes de empresas, entidades e órgãos governamentais da Argentina visitaram São Bento do Sul e região ontem. O primeiro compromisso da comitiva argentina foi no auditório do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sindusmobil), no Centro de Gestão Empresarial (CGE). A recepção ficou a cargo de Arnaldo Huebl, vice-presidente da regional do Planalto Norte da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc); José Antonio Franzoni, presidente do Sindusmobil; e Osvair Almeida Matos, diretor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) no município. Inicialmente, foi apresentado um vídeo institucional com informações sobre o polo moveleiro, integrado também por Rio Negrinho e Campo Alegre.
Falta de pinus
A informação de que a província de Corrientes dispõe de uma grande área plantada de pínus já mobilizou os primeiros contatos visando à prospecção de negócios. Conforme Arnaldo, a partir de 2025, há a expectativa de que a matéria-prima comece a faltar no Brasil. O motivo seriam as restrições impostas por órgãos como o Ibama, a Fatma e o Ministério Público.
O material destacou aspectos relacionados à sustentabilidade e à qualidade dos móveis fabricados na microrregião, a qual forma um dos clusters moveleiros mais avançados do mundo. Também foram externados detalhes sobre a alta tecnologia empregada pelas empresas e acerca do Selo Biomóvel. Arnaldo Huebl, questionado pela comitiva, falou mais sobre o selo, criado para que as empresas empreguem em seus processos produtivos somente madeiras renováveis – principalmente o pínus –, tecnologia limpa e materiais não nocivos ao meio ambiente.
Os três municípios, que somam uma população de 130 mil habitantes, contêm aproximadamente 400 indústrias e empregam cerca de 9 mil funcionários. O vídeo demonstrou que, a partir de 2008, com a queda cambial, as empresas moveleiras precisaram se renovar, tendo em vista a necessidade de buscar mais fortemente o mercado interno. Para isso, houve investimentos em desenvolvimento de design, no aperfeiçoamento de acabamentos nobres e contemporâneos e em ações de mercado. Tais ações receberam apoio do próprio Senai com sua expertise e estrutura.
ESTREITAMENTO DE LAÇOS E PROSPECÇÃO DE NEGÓCIOS
O ministro de Indústria, Trabalho e Comércio da província de Corrientes, Ignacio Osella, também apresentou dados sobre a referida região do país vizinho, destacando que, com relação à matéria-prima, os produtores locais têm aproximadamente 500 mil hectares de pínus reflorestados. “Queremos estreitar laços e fazer negócios”, disse Ignacio, acrescentando que a troca de experiências é fundamental para a comitiva. Apesar de Corrientes já apresentar números consideráveis, o ministro registrou que a região quer dar saltos maiores. “Também pretendemos nos fortalecer como uma região moveleira”, afirmou.

Indagado, o presidente do Sindusmobil, José Antonio Franzoni, esclareceu que não existe um parque industrial moveleiro propriamente dito. “As empresas começaram a se instalar em vários locais, e a cidade foi se desenvolvendo no entorno delas”, disse. Segundo Franzoni, basicamente equipamentos italianos e alemães compõem a estrutura de maquinário das empresas locais, cujas exportações são destinadas principalmente aos Estados Unidos e a países europeus.
O Senai são-bentense, explicou o diretor local, tem cursos de educação profissional para jovens a partir de 14 anos. Ele frisou que há inclusive treinamentos desenvolvidos conforme as necessidades específicas das empresas, as quais contribuem auxiliando a elaborar a estrutura curricular dos cursos. Outra ferramenta importante do Senai, frisou Osvair, é o Laboratório de Tecnologia da Madeira e do Mobiliário, acreditado desde 2008 pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).