A professora Telma de Carvalho, nascida no Rio de Janeiro e formada na Universidade Federal de Minas Gerais, trabalha em São Bento do Sul desde 1985. Os últimos anos foram de entrega total para a escola Dalmir Pedro Cubas, de Serra Alta, onde deixa saudades aos colegas, alunos, ex-alunos e pais, todos acostumados ao sistema da docente.
Serena e ponderada, Telma é conhecida pela comunidade escolar por estar sempre buscando conciliação para tornar o ambiente fraterno e dar condições aos professores de ensinar e aos alunos de aprender. Ao longo da semana, justamente por carregar essa marca de conciliadora, recebeu inúmeras visitas de pais e ex-alunos que foram antecipar o abraço de despedida. A educadora não consegue evitar as lágrimas quando fala da carreira que escolheu e o quanto foi feliz ajudando no processo educacional de tantas pessoas. “Ninguém fica rico sendo professor, mas a gente se enche de alegria quando percebe que está ajudando a comunidade na formação e no crescimento pessoal. Encontrar ex-alunos, muitos casados e já com filhos, e receber o abraço de agradecimento é o grande resultado que observo e que me dá a certeza do dever cumprido”, diz.
CHEGOU A HORA
Sobre encerrar a carreira após mais de 30 anos, Telma destaca que existe o momento certo para todo profissional parar. Segundo ela, é preciso saber esse momento para deixar a profissão não apenas com a sensação de dever cumprido, mas também tendo à frente pessoas que assumam as funções e que tenham condições de atuar e realizar as parcerias necessárias para que o trabalho continue fluindo da melhor maneira. “É um momento que emociona muito. A gente trilha um caminho ao longo da vida, e um filme roda na cabeça da gente. Mas sinto que atingi minhas metas e estou saindo com a sensação de deixar uma comunidade que aprovou meu trabalho e atuou em parceria, sempre buscando o melhor para a educação”, enfatiza.
Motivo de alegria
Para ela, a educação é um eterno desafio, mas cabe ao professor se dedicar buscando para o lado bom todos os alunos e trabalhando para valorizar o bairro onde atua. “Temos que lutar por um futuro melhor para as crianças e trabalhar para evitar a violência dentro das escolas. Nosso foco é fazer o aluno feliz no aprendizado”, destaca.
Outro fator destacado pela professora é ter conseguido se aproximar dos pais e ser tratada como peça importante na vida da família, ajudando crianças, adolescentes e adultos a trilharem os caminhos do sucesso. Por isso eu peço aos alunos e às pessoas em geral que sigam lutando por um futuro melhor. Todos merecem a felicidade, e não podemos desistir de fazer a coisa certa. Tenho um agradecimento especial a todos que passaram pelo meu caminho e valorizaram o trabalho que a educação faz pelo crescimento e engrandecimento da sociedade. Sentirei saudades”, encerra.
Questionada sobre a escolha pela educação, destaca que seu desejo sempre foi trabalhar com o ser humano. “Inicialmente eu gostaria de estudar psicologia, mas os caminhos levaram ao curso de pedagogia e me entreguei à formação para um trabalho focado nos estudantes. O destino me trouxe para São Bento do Sul por conta de um período de desemprego em Juiz de Fora/MG, onde eu trabalhava, e aqui permaneci desempenhando minhas funções”, acrescenta a professora, que está estudando a possibilidade de retornar ao Rio para ficar junto da família.
LÁGRIMAS NO ÚLTIMO DIA
Ao lembrar que hoje é seu último dia no trabalho, Telma foi às lágrimas e afirmou que sentirá saudade e irá torcer para que toda comunidade escolar da escola Dalmir Pedro Cubas, pela qual adquiriu um amor absoluto, possa conquistar o sucesso e zelar pelo nome do estabelecimento. “É com dificuldade que a gente chega ao último dia, sabendo que não estará mais aqui atuando com os alunos, pais e professores. Mas tenho certeza de que a pessoa que fica em meu lugar vai realizar um excelente trabalho e peço para que todos a recebam com carinho e a tratem tão bem quanto têm me tratado ao longo dos anos. Levo todos no coração”, responde.
Segundo ela, a educação traz poucos motivos para tristeza, mas um em especial machuca muito aqueles que anseiam por dias melhores. “Muitas vezes a gente sente a divisão da classe. Gostaria que todos os professores, sem exceção, trabalhassem unidos e vislumbrando os resultados para os alunos. Mas nem sempre é assim que acontece. Estamos aqui apenas de passagem e temos que ter a consciência de que somos necessários para ajudar a mudar a vida das pessoas (alunos) para melhor”, pontua.