Diferentes sites e plataformas fornecem dados da previsão do tempo para determinados locais. No caso das condições previstas para São Bento do Sul e região, A Gazeta se baseia no Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram). Vinculado à Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri), o órgão localizado em Florianópolis é responsável pelo monitoramento do tempo e do clima em Santa Catarina, um dos Estados brasileiros mais afetados por adversidades, que vão do granizo à neve, passando pelos ciclones extratropicais – até mesmo um furacão já atingiu o território catarinense, no caso, em março de 2004.
Mas, afinal, como é feita a previsão? São duas situações distintas. Desde o fim do ano passado, a Epagri/Ciram fornece o formato de previsão por município para os 15 dias seguintes. Os dados são gerados diariamente de forma automática, sempre às 5 horas, a partir de informações disponibilizadas pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos. Para tanto, são levadas em considerações informações atmosféricas como a umidade relativa do ar e os ventos, bem como imagens de satélite e radares meteorológicos, dentre outros mecanismos.
No caso das condições automáticas apontadas para os próximos 15 dias, a previsão é elaborada sem análise de um meteorologista, explica Laura Rodrigues, uma das meteorologistas da Epagri/Ciram. Ela relata, porém, que a previsão elaborada pelos profissionais locais é mais completa, pois envolve a análise dos diversos modelos e dados, desde a superfície até os altos níveis da atmosfera. Nesse caso, as condições previstas – normalmente mais assertivas – são para um intervalo de tempo menor.
No caso da elaboração das previsões analisadas pelos profissionais locais, os meteorologistas explicam se a temperatura elevada terá a “sensação de abafamento”, se o vento forte será momentâneo ou persistente, se a chuva será localizada e rápida ou mais prolongada ao longo do dia, etc. “É importante também que as previsões sejam acompanhadas diariamente, pois prognósticos para um período mais distante apresentam menor confiabilidade”, informa a Epagri/Ciram.
“Características inesperadas”
Em meados de janeiro, a Defesa Civil e a Epagri/Ciram emitiram uma nota oficial admitindo que os meteorologistas que atuam em Santa Catarina foram surpreendidos por “características inesperadas” ocorridas em regiões como a Grande Florianópolis e o Litoral Norte, que registraram até 350 milímetros (mm) em poucas horas, quase o dobro da média esperada para janeiro. O evento de chuva extrema provocou alagamentos generalizados, enxurradas e deslizamentos.
Segundo a Defesa Civil, um Aviso Meteorológico foi emitido um dia antes. “Entretanto, os volumes de chuva e os impactos do evento foram muito superiores aos previstos”, registrou o órgão. Diferentes fontes e modelos utilizados para as previsões não apontavam tamanha quantidade de chuva, segundo a nota-conjunta.
Para elaboração das previsões, também são utilizados outros modelos, inclusive europeus, além de serviços locais, tais como o Serviço Meteorológico do Paraná (Simepar), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por exemplo.
Estamos preparados?
Apesar de toda a tecnologia, prever o que vai ocorrer com o clima ainda é algo difícil. “Entender o comportamento da atmosfera é um grande desafio, mesmo frente a tantos avanços nas capacidades computacionais, desenvolvimento de novos modelos e expansão de satélites, radares e estações meteorológicas. O clima está continuamente mudando, o que impõe desafios adicionais nas previsões climáticas meteorológicas. Alguns eventos têm apresentado quebras de recorde consecutivas, com volumes extremos que não foram registrados na história recente”, citam a Defesa Civil e a Epagri/Ciram.
As empresas apontam como exemplos o furacão em Santa Catarina e as chuvas intensas no Rio Grande do Sul, no ano passado, além de diversos extremos observados em nível mundial. “Assim, é urgente que a meteorologia – assim como outras ciências – se adapte a essa nova realidade do clima no planeta. É urgente que nos preparemos para medidas futuras de investimento global, preparação e resiliência das cidades. Modelos de previsão de tempo e clima, rodados em vários países, e pesquisas de tempo e clima realizadas ao longo de décadas, precisam ser reavaliados e reanalisados. As cidades, com suas obras intermináveis, em especial os grandes centros urbanos em áreas de litoral, precisam ser repensadas para suportar extremos de chuva que estão se tornando cada vez mais frequentes”, registraram os órgãos na nota oficial.
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