Natural de Blumenau e proprietário de três cemitérios na cidade, Alcione Alvim da Silva, de 61 anos, não tem medo de morrer, mas sim do que pode preceder sua morte. Ele já presenciou mortos abrindo os olhos durante o velório e, atualmente, se empenha em ser o melhor coveiro.
Quando tinha entre sete e oito anos, viu uma cena que o marcou profundamente. No velório de um vizinho, o morto abriu os olhos e ele ficou apavorado. Alcione não sabe até hoje se, de fato, o vizinho havia falecido. Desde então, passou a temer ser enterrado vivo.
Foi por causa desse medo que ele começou a construir sepulturas com rotas de fuga, ou seja, pequenas portas que só abrem do lado de dentro. O coveiro explicou que, antes do caixão ser colocado na gaveta, os parafusos que trancam a tampa são retirados para facilitar a saída. Outro artefato utilizado é uma cola que leva 36 horas para secar, além de um lacre fino e flexível.
Além disso, dentro das sepulturas há um sistema de aeração, com um dispositivo sugando o ar de dentro e outro levando ar limpo para a gaveta. Caso uma pessoa esteja viva dentro do caixão, ela não morrerá asfixiada. Silva começou a implementar esse sistema há cerca de 20 anos, mas foi nos últimos três anos que ele aperfeiçoou da maneira como imaginava. Atualmente, são cerca de 1.700 sepulturas com rotas de fuga.
Como ele entrou no ramo da morte?
Aos 21 anos, a vida tomou um novo rumo. Foi nessa idade que ele encontrou um emprego como coveiro faz-tudo. Naquela época, ele estava começando a vida de casado e morava de favor na casa do sogro, em uma cidade vizinha a Blumenau.
Uma nova oportunidade na área surgiu alguns anos depois, dessa vez em Blumenau. O Cemitério São José, no Centro da cidade, estava com problemas. Nem empresas, nem o poder público queriam assumir a responsabilidade. Mas o que chamou a atenção de Alcione foi o fato de o cemitério disponibilizar uma casa para quem ocupasse o cargo. Foi assim que ele se ofereceu como solução para os problemas e passou a cuidar do local até hoje.
Depois de tantos anos trabalhando com enterros e exumações, ele tem certeza de que algumas pessoas foram sepultadas vivas, e isso o apavora. Alcione já enterrou muitas pessoas, inclusive seu pai. Foi nesse momento que ele percebeu que queria fazer a diferença e se tornar um bom coveiro, pois entendeu a importância dos cemitérios para as famílias enlutadas.
Informações do Portal UOL Notícias.
- WhatsApp: Participe do grupo fechado de A Gazeta.
- YouTube: Inscreva-se para assistir as matérias de A Gazeta.
Confira mais notícias no jornal impresso. Assine A Gazeta agora mesmo pelo WhatsApp (47) 99727-0414. Custa menos que um cafezinho por dia! ☕