Jonas dos Santos é a prova de que o esporte, além de contribuir para o preparo físico, pode transformar vidas. O atleta de 31 anos tornou-se uma referência local em corridas de rua, porém, antes disso se concretizar, teve uma trajetória marcada por desafios pessoais e superação. No passado, chegou a ser soldado do exército; depois, trabalhou como gari na Transresíduos, até que iniciou os estudos em educação física. Hoje, é professor na Sociedade Ginástica Desportiva São Bento e também tem sua própria assessoria de corrida, ajudando outras pessoas a iniciar no mundo esportivo.
“O esporte me proporcionou muita coisa, conheci bastante lugares, superei desafios e conheci bastante pessoas que se tornaram meus amigos”, menciona. Apesar de ter nascido em Itaiópolis, ele cresceu no interior de Mafra. Aos cinco anos, veio com a família para São Bento do Sul, permanecendo no município até os 15 anos. Depois, arrumou as malas novamente e retornou para Mafra. Lá, além de frequentar a escola, precisou contribuir na renda mensal da família, trabalhando na lavoura de fumo.
O cenário começou a mudar quando se alistou para o exército, entrando para o quartel de Rio Negro em 2012. Além dos trabalhos normais de soldado, o lugar despertou a paixão pela atividade física. No quartel, os militares praticavam o pentatlo, que consiste nas provas de natação, tiro, lançamento de granada e corrida. “Nunca ficava parado”, recorda.
E foi justamente neste período, sem muita experiência, que participou da primeira meia-maratona, com a distância de 21 km, em Mafra. A lembrança daquele dia ele não esconde: foi o pior desafio da sua vida. Afinal, não tinha tanto preparo físico, passando a linha de chegada após 2h10. “Terminei ela quase caminhando. Tinha até falado para mim mesmo que nunca mais ia correr, mas hoje a distância (21 km) tornou-se a minha favorita”, assume. Quando saiu do quartel, retornou para São Bento do Sul para cuidar do filho Breno, na época recém-nascido.
De gari a professor
Em terras são-bentenses, chegou a trabalhar numa fábrica de plásticos e depois em um mercado. Em seguida, assumiu outro desafio, desta vez como gari na Transresíduos. No local, o trabalho era correr atrás do caminhão, fazendo a coleta de lixo pelos bairros do município. Logo depois, enfrentou uma situação difícil na sua vida após ficar desempregado. “Sei que passei dezembro sem salário, não pude dar um presente de Natal para meu filho”, expõe.
Mas apesar das adversidades sentidas, ele logo arrumou outro emprego, desta vez numa empreiteira terceirizada da Celesc. Lá, aprendeu o ofício de trabalhar como eletricista. “Trabalhava trocando a rede elétrica. Só que depois de um tempo sofri um acidente de trabalho, caiu um poste na minha cabeça. Quando voltei, tive medo de subir nos postes, fiquei com medo de altura”, lembra. Por conta do trauma, ele saiu da empresa para trabalhar como motorista, onde permaneceu por quatro anos na função. E foi justamente nesse período que decidiu ter uma nova profissão, aos 26 anos de idade, após iniciar a graduação em educação física.
Vida de atleta
Mesmo com a rotina de estudos e trabalho, ele continuou com os treinos de corrida. Logo após ter realizado a primeira meia-maratona, em 2015, voltou a percorrer a distância de 21 km, através da parceira com a Atricor, terminando a prova em 1h16. Inclusive, ao logo da sua jornada esportiva, ele coleciona importantes corridas. Ao lado de um amigo, chegou a trabalhar na tradicional São Silvestre, percorrendo 15 km pelas ruas de São Paulo. “Ele tinha uma loja esportiva, onde ia nos eventos esportivos. Então eu aproveitava e corria também. Cheguei a correr três vezes a São Silvestre”, diz.
Já chegou a ser campeão em corridas de 5 km, 10 km e 21 km. Já seu melhor tempo em meia-maratona não foi quando conquistou o primeiro lugar, mas sim, quando ficou na quinta posição, após 1h13 de prova, em Brusque. “Nem sempre o seu melhor tempo quer dizer que vai ser o campeão”, afirma. Também já fez distâncias muito maiores, como quando concluiu 85 km em Florianópolis. Mais recentemente, no final do ano passado, decidiu fazer aquilo que mais ama: correr, porém, em direção a residência do pai, em Mafra, totalizando 72 km.
Novos desafios
Agora, ele tem outros objetivos para sua vida de atleta amador. Primeiro, pretende baixar o tempo em provas das distâncias de 5, 10 e 21 quilômetros. Depois, pretende concluir a segunda maratona, cuja distância é de 42 km. A primeiro ocorreu em junho deste ano, no Rio de Janeiro. O intuito será conquistar o índice para participar da famosa Maratona de Boston, nos Estados Unidos.
- WhatsApp: Participe do grupo fechado de A Gazeta.
- YouTube: Inscreva-se para assistir as matérias de A Gazeta.
Confira mais notícias no jornal impresso. Assine A Gazeta agora mesmo pelo WhatsApp (47) 99727-0414. Custa menos que um cafezinho por dia! ☕