Os passos são retraídos e o sorriso é contido, mas é exatamente isso que revela toda a doçura e vitalidade de Anna Zeithammer. A simpática senhora alcançou um patamar que poucas pessoas conseguem, e nesta quarta-feira (18) ela merece todas as congratulações, afinal, comemora 100 anos de vida. Uma vida regrada a muita força, dedicação e principalmente, generosidade. São essas qualidades que todos que a conhecem ressaltam. Inclusive, é uma excelente contadora de histórias, pois apesar da idade, todas as lembranças da sua trajetória estão frescas na memória, sempre acompanhadas de piadas e muitas risadas calorosas.
Anna é filha de Bertha e Germano Finke, vinda ao mundo no dia 18 de setembro de 1924, na pacata Estrada dos Bugres, no bairro Serra Alta. O tempo era outro, e ao lado dos irmãos, ao invés das brincadeiras, eles precisavam ajudar os pais na lida na roça e no trato dos animais. Mas apesar das dificuldades, ela garante que não há o que reclamar, a vida sempre fora boa. Até mesmo ir à escola, onde para chegar até a sala de aula era necessário caminhar por cerca de uma hora, o trajeto se tornava um momento de descontração. Sem os olhares do pais, Anna arrancava os sapatos de pau, escondia no meio do mato e seguia descalça para a escola. “Eles machucavam os pés”, revela.
Algo muito comum para as crianças da época, Anna não sabia a língua portuguesa. Ela frequentou uma escola onde todos falavam alemão, inclusive o professor. Durante esse período, ela guarda com carinho todos os momentos, desde o teatro até o pequeno “tesouro” que mantém em sua casa até os dias atuais: seus cadernos, livros e o antigo “quadrinho” onde os alunos escreviam os conteúdos escolares.
Depois de quase cinco anos, precisou abandonar a vida escolar para ajudar os pais nos afazeres domésticos. A são-bentense vendia manteiga e ovos pela vizinhança para contribuir com a renda da família. E há algo que vincula o nome da família para aqueles que moram nas redondezas que talvez desconhecem, pois foi o seu avô paterno, Antonio Finke, que doou o terreno para a construção do cemitério Estrada dos Bugres. “E ele (avô) foi o primeiro a ser enterrado no cemitério”, fala.
Centenário
A chegada dos 100 anos é o reflexo de todo o cuidado que Anna teve ao longo da vida. Os cuidados com a saúde sempre foram prioridade. Além disso, ela presenciou muitos eventos, incluindo os horrores da Segunda Guerra Mundial. Embora o conflito não tenha ocorrido diretamente no Brasil, os brasileiros não ficaram imunes às atrocidades do período. No país, ela viveu sob a restrição de não poder falar alemão em público.
Ela conta que, quando precisava fazer compras, entrava pelos fundos do comércio para falar diretamente com o proprietário e evitar ser pega falando o idioma. “Teve uma vez que fomos para Rio Negrinho, íamos pelos trilhos e quando o trem vinha, a gente se escondia de medo por pensar que seriamos mortos. Era feio aquele tempo”, expõe.
Agora, no presente, alguns amigos e parentes irão se reunir nesta quarta-feira (18) para celebrar seu aniversário. Já no domingo (22), a festa será ainda maior, onde os familiares estarão presentes para celebrar a data tão especial para Anna Zeithammer.
No jornal impresso desta quarta-feira (18) você confere mais detalhes sobre a vida de Anna e sua dedicação ao trabalho.
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