As cenas captadas pela câmera de segurança da Trevo Café e Padaria, no trevo de Fragosos, no dia 1º de agosto, mostram uma cena angustiante. Um casal entra desesperado com uma criança de um ano e oito meses em convulsão, com os olhos revirados. Em uma mesa próxima estavam os policiais militares Augusto Chicora, Dionathan Santana e Austem Dias, este último de folga. E foi a rápida ação deles que ajudou a salvar a vida do menino.
Naiara Ramos e Fabio Ferreira de Lima são os pais do pequeno Yago (foto abaixo) e residem na localidade de Paranazinho, em Campo Alegre. Eles contam que, naquele mesmo dia, o menino já havia se engasgado e convulsionado no centro de São Bento do Sul. “Chegamos em uma loja para comprar tênis para minha filha e o Yago queria mamar. Como ele mama no peito, entrei na loja, sentei e comecei a amamentar. Na primeira sugada que ele deu, levantou os braços para cima, virou os olhos e começou a ficar roxo. Na hora, eu me desesperei”, conta a mãe.
Nesse momento, as atendentes da loja pegaram a criança e auxiliaram com as manobras de desengasgo. “O Fábio foi e parou alguém na rua, não sabemos bem quem foi”, disse Naiara. “Eu saí rápido para pedir socorro, e o cara parou, foi bem rápido”, contou Fábio, que pegou carona com o desconhecido até o hospital.
Ao receber atendimento, Naiara conta que Yago precisou de oxigênio. “Fizeram todos os exames e não acharam nada. Aí o hospital nos liberou, isso era umas 11h30. Viemos para casa, dei banho nele, e ele não estava muito bem. Ele comeu um pouco, e era umas 15h50. O Fábio ia trabalhar e me entregou ele para tomar banho. Quando sentei com ele, aconteceu de novo. Ele não voltou, começou a ficar roxo, e eu me ajoelhei pedindo (ajuda) para Deus”, frisou Naiara.
A cunhada dela, que estava na casa, desceu a rua e encontrou um carro que acreditava ser da Secretaria de Saúde, mas era do Conselho Tutelar. “Peguei o carro e saí até ali embaixo, para ir ao posto de saúde de Fragosos. A intenção era ver se havia um médico para fazer a manobra e ver se ele voltava. Chegamos perto da padaria e vimos a viatura da polícia, já paramos com as portas abertas e encontramos eles tomando café”, explicou a mãe.
Servir, proteger e salvar
Uma vez no colo dos policiais, Yago foi reanimado e voltou, mas logo em seguida voltou a convulsionar. “Ele não estava bem, então o levaram para o hospital. Se a polícia não estivesse ali naquela hora, não sei o que teria acontecido. A situação em que ele estava era de quase morte. Roxo, não voltava, com o olho virado. Foi por Deus, um anjo muito forte colocou eles ali para ajudar”, comentou Naiara.
O pai acompanhou os policiais e o filho na viatura, mas o trânsito naquele horário era intenso. “Mesmo com eles foi difícil de chegar, havia muito trânsito, mas foram bem rápidos. Dentro da viatura, ele ficava virando os olhos para cima, e o policial dizia para ele não dormir. Ele virava os olhos e ia fechando devagar, ali foi um desespero. Você imagina um monte de coisas, que ele vai fechar os olhos e não vai voltar mais”, desabafou Fábio.
Ao chegar no Mato Preto, ele viu que outra viatura da Polícia Militar estava esperando por eles. “O policial falava para não ficar nervoso porque a pulsação dele estava voltando ao normal. Quando cheguei ao hospital, o Yago estava de pé, mas fora de si. Parecia que estava no mundo da lua. Depois de uns 15 minutos, ele chorou”, frisou.
A mãe conta que foram realizados diversos exames na criança, mas nada foi encontrado até então. “Nos encaminharam para um neuro, e conseguimos aqui em São Bento. Falaram que poderia ser por causa da febre, porque ele estava com uma gripe leve, mas encaminharam para um exame da cabeça em Curitiba, nesta sexta, para ver se ele tem alguma coisa. A gente sente que a pulsação dele às vezes diminui, e ele não ficou igual depois dessas duas convulsões”, disse a mãe. “Foi um susto muito grande, uma cena que vai ficar marcada pelo resto da minha vida”, completou.
Momentos de angústia
O Soldado Dionathan Santana conta que estava na padaria com os colegas quando foi abordado pelo casal. “Eles entregaram primeiro para mim. Verificamos que o Yago estava sem respiração, com a boca roxa. Perguntamos para os pais, e a princípio ele tinha se engasgado. De imediato, começamos a manobra de Heimlich por aproximadamente um minuto, até que ele começou a reagir”, contou.
Porém, minutos depois, o menino voltou a convulsionar, momento em que o Soldado Austem Dias e o Cabo Augusto Chicora realizaram novas manobras. “Quando ele não estava reagindo, pedimos apoio aos bombeiros, que estavam em outra ocorrência. Dada a gravidade, colocamos ele na viatura e o conduzimos para o hospital mais próximo, em São Bento do Sul, a cerca de 20 km de onde estávamos. Como o trânsito naquele local estava bem complicado, pedimos apoio à guarnição de São Bento, que prestou todo o apoio necessário, abrindo as vias para que pudéssemos chegar a tempo no hospital”, explicou Santana.
Preparo e capacitação
Austem conta que os policiais passam por capacitações dentro da escola de formação e que muitos buscam por especializações. “Recentemente, participei do terceiro nivelamento do 23º Batalhão, do tático do batalhão, e ali havia situações em que me senti confortável em realizar. Quando recebemos o Yago, enquanto o Santana realizava a manobra, já fui verificando as vias aéreas. Além de estar cianótico, ele não respirava direito. Passados instantes, ele voltou, mas voltou a engasgar também”, comentou.
Vendo que a criança não estava normal, os policiais perguntaram aos pais se algo havia acontecido. “Perguntamos aos pais se ele tinha tomado alguma medicação, o que havia ocorrido ao longo do dia. Quando entramos no deslocamento, o pai do Yago foi comigo no banco de trás da viatura, e pedi para me ajudar a estabilizar o tronco do Yago”, disse Austem.
Com o menino salvo pelos policiais e pela equipe médica, a família voltou a encontrar os militares para agradecer pelo gesto. “A importância de eles terem conhecimento de primeiros socorros e saberem o que fazer foi muito grande. Foi muito importante para nós eles estarem ali naquela hora. Eles são treinados, e para mim foi um alívio eles estarem ali. Só temos a agradecer muito”, ressaltou a mãe de Yago. “A gente se sente orgulhoso por poder contribuir e salvar uma vida. É uma sensação de gratidão saber que estamos preparados para todos os tipos de situações”, completou o Soldado Santana.
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