A tarde do dia 28 de abril, no último domingo do mês, era mais um dia de plantão do policial militar rodoviário Adriel Ruthes, 3º sargento lotado no posto de Campo Alegre. Era por volta das 17h15 quando ele e o 3º sargento Walmir Antunes foram acionados para um acidente de trânsito na Serra Dona Francisca, envolvendo um carro e uma moto. No local, condutor e passageira da moto estavam em estado grave e os policiais precisaram agir rapidamente para socorrer as vítimas.
O acidente aconteceu quando o condutor de um Fox teve um mau súbito, perdeu o controle do carro e invadiu a pista contrária, atingindo uma motocicleta Honda Titan, onde seguiam condutor e sua esposa. Com o impacto, os dois foram lançados na canaleta da rodovia, com lesões graves.
Ao chegarem no local, os policiais constataram a gravidade da situação e prontamente iniciaram o atendimento às vítimas. “O que marcou bastante é a questão do tempo. muita chuva em uma serra com neblina, bem complicado. Não basta somente sinalizar e salvar as vítimas, precisa cuidar porque pode vir um caminhão e faltar freio ou as pessoas não verem o acidente. Um local perigoso para todos que estavam ali. Foi uma ocorrência fora do normal porque chovia muito”, explica Ruthes.
Uma vez sinalizado o local, os policiais iniciaram o atendimento ao condutor da moto, que estava com dores nas pernas e no quadril. O caso mais grave foi da garupa, que apresentava lesão na perna esquerda, próximo ao tornozelo e com grande hemorragia.
Conhecimento da situação
Através do protocolo March, o sargento Ruthes aplicou o torniquete na perna da vítima, estancando o sangramento e mantendo ela viva até que os bombeiros pudessem chegar ao local. “Eu identifiquei que a passageira da moto estava com uma lesão grave acima do tornozelo esquerdo, onde estava um sangramento massivo. Então nesse imediato momento a gente já aplicou o torniquete, que é exatamente para estancar o sangue. A gente aplica o torniquete conforme o protocolo March, que é um protocolo internacional de atendimento na cena da ocorrência. Ele não é um atendimento pré-hospitalar, é um atendimento para o local, porque o objetivo do protocolo March é manter os sinais vitais da vítima”, explicou. “A vítima ali estava consciente, porém ela estava perdendo sangue, então ela ia entrar em choque e até poderia falecer se não tivesse estancado o sangue. É um procedimento simples, básico, mas que salva vidas”, completou.
Segundo ele, até mesmo os socorristas dos Bombeiros elogiaram o procedimento. “Muitas vezes as pessoas acham que a polícia está ali para fazer atendimento policial, aquela corrente de corpo a corpo, de gerenciamento de crise, que muitas vezes é a função da polícia militar em modo geral. Mas eles acabam não vinculando que o policial também tem esse treinamento, também tem esse conhecimento para que seja aplicado quando necessário”, frisou.
A vítima foi encaminhada ao Hospital São José, em Joinville, e passou por cirurgia. “Ela teve a reconstrução do membro, corre o risco de não perder mais o pé e também manteve a vida dela salva. Eu tenho curso de APH tático na Força Nacional, no Ministério da Justiça, que eu operei há alguns anos. Então eu fiz o curso, tenho esse conhecimento que me habilita a aplicar e a agir na vítima nesses momentos de crise”, explicou Ruthes.
“Nesse caso foi um sucesso e a gente fica muito feliz. Estou conversando com eles, falaram para ela que se não fosse a aplicação do torniquete ela não estava nem conversando ali. Essa é a retribuição que a gente tem, que é a mais satisfatória. Quem ganha somos todos nós, é a comunidade, é a Polícia Militar”, completou o policial.
21 anos de serviço
Ruthes tem 21 anos de serviço na Polícia Militar e atualmente está lotado no posto da Polícia Rodoviária Estadual de Campo Alegre. “Sou habilitado no curso que me dá um conhecimento técnico para agir. Mas isso é um conhecimento que eu busquei fora, eu tive a oportunidade de fazer fora. E isso é interessante, porque cada um gosta de uma área, né? Então eu gosto da área de APH tático, gosto de ter esse conhecimento porque eu acredito que um dia ou outro eu vou precisar usar em mim, ou usar em alguma pessoa, como foi nesse caso”, ressaltou.
Outra ocorrência citada por ele foi a tragédia de 2015, quando um ônibus com mais de 50 pessoas se acidentou na serra, vitimando dezenas delas. “Eu estava de folga quando me deparei com o acidente e ajudei a guarnição. Fomos os primeiros a chegar e salvamos três pessoas, inclusive uma criança. Já apliquei essas técnicas e fui promovido por ato de bravura nessa ocorrência. Ganhei uma medalha de Cruz de Sangue, que é quando você expõe sua vida para salvar a vida de terceiros. Essa é uma ocorrência que me marcou muito”, falou.
Elogios e homenagem
Por conta da ação na ocorrência do último dia 28, os sargentos Ruthes e Walmir receberam elogios do comando regional e estadual. “A Polícia Rodoviária Estadual, o comandante Coronel Cartaxo, ele é uma pessoa que é apoiador, um cara que incentiva a tropa, que busca o treinamento, abre cursos. Esse cara é muito bom, incentiva o policial sempre a se adequar melhor na área que ele mais sente afinidade. O Capitão Daniel, comandante da companhia em Joinville, também. Ele também incentiva os policiais e nos dá condições. Isso também é muito bacana”, frisou.
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