Com um grande sorriso no rosto e esbanjando simpatia. É assim que Neuza dos Santos Runschka, a dona Naná, de 85 anos, recebe quem vai visitá-la. Moradora da Estrada Cruzeiro, ela conhece todo mundo na cidade e parece que grande parte de São Bento do Sul também a conhece. Corintiana de paixão, Naná adora um bailão e tem um bordão bem conhecido entre os amigos: partiu Pauli!
Quem chega em sua casa, próximo da escola Garibaldina Silveira Fuginaga, percebe uma antiga residência toda pintada em rosa e vermelho. Aliás, foi ela mesma quem pintou a casa, que tem cerca de 130 anos.
“Sou feliz que moro aqui no meio do mato, tenho muitos amigos que vem aqui. Sai um e entra outro, mas não para namorar. Vieram uns cinco ou seis atrás de mim, mas não quis mais saber de homem. Tenho a cuidadora que mora aqui atrás, já pensou ela ter que cuidar de dois ‘véio’?”, brinca Naná.
Ela conta que cresceu no bairro Mato Preto, mas que se mudou para a casa do sogro há 30 anos, época em que seu marido faleceu. “Eu faço e vendo macarrão caseiro, gosto de pintar e cuidar do jardim. Eu ia na terceira idade, mas depois da pandemia não fui mais. De vez em quando, quando dá, partiu Pauli! Conheci meu amor lá no Pauli, isso há 50 anos atrás. Aí casamos”, comentou.
Naná conta que sempre gostou de frequentar o Salão Pauli, onde conheceu seu marido. “Antes tinha o cachimã, meia noite as mulheres iam buscar os homens para dançar. E vieram dois para o meu lado, um deles o meu amor. Escolhi ele, já estava de olho nele. De lá para cá foi só alegria. A gente viveu muito feliz, fora o acontecimento com meu filho”, citou. Desse amor nasceram seis filhos, 12 netos e sete bisnetos.
As paixões de dona Naná
Muito conhecida na cidade, Naná disse ter muitos amigos. “Esses dias tinha uma festa e minha filha, que mora em Itapoá, veio, chamaram eu com meu filho lá. Tudo gente conhecida, foi só alegria. Quando tem uma festa, sempre me chamam. Gosto de dançar e beber uma, é muito bom ir numa festa”, ressaltou.
Outra paixão dela é o Corinthians. Basta entrar em sua casa para ver diversas fotos de um jogo em que ela esteve presente no Pacaembu, ou adereços do time. Até mesmo na cama um cobertor com o símbolo do Timão fica estendido.
Em 2013, ela realizou o sonho de ver o Corinthians jogar. “Foi demais, muito legal. Minha filha sempre me levava viajar de avião. Agora eu não vou mais, o avião para ali e já estão de cadeira de rodas me esperando”, brincou.
As cores rosa e vermelho também são paixões de Naná, que pintou de rosa até mesmo a sanduicheira na cozinha. “Adoro pintar! Pintei a casa duas vezes esse ano já”, falou. “Também não fico sem jornal nem a pau seu Juvenal. Todo ano dou uma caixinha de chocolate para o entregador”, completou, dizendo ser fã de A Gazeta.
Não pode se entregar!
Apesar da idade, Naná tem muito mais disposição que grande parte dos jovens. “Eu acordo bem cedo, às 4h, gosto de assistir o Kovalick (na Globo). Já levanto tomar uma banho, arrumar o cabelo. Faço um café, saio aqui por fora fazer as coisas. Eu que faço tudo! Plantei uns milhos e aipim no terreno do meu filho aqui do lado”, disse.
Sobre suas determinações, Naná disse que a pessoa não deve se entregar. “Sofri muito quando perdi meu filho, ele tinha só 16 anos. Foi uma época muito triste da minha vida, mas graças a Deus superei. Sei que lá de cima ele está me ajudando”, disse. “Se a pessoa começar se entregar muito cedo, é pior. Não é minha parte, não fiz isso e nem vou fazer. Sofri na vida, mas dei a volta por cima e tô viva aqui, com muito pra viver. Vai que vou para os 95 anos é? Deus me leva, mas demora”, completou.
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