A deficiência de cálcio pode afetar diferentes faixas etárias, muitas vezes de forma silenciosa. Embora frequentemente associada apenas à saúde óssea, a carência desse nutriente vai muito além e pode comprometer funções vitais do organismo. É justamente por esse motivo que compreender seus impactos, identificar sinais precoces e buscar acompanhamento médico são atitudes essenciais.
Conforme explica José Ricardo Scalise, médico e coordenador do curso de Medicina da Uniderp de Ponta Porã, o cálcio não tem papel fundamental apenas para a saúde dos ossos. “Ele é fundamental para a contração muscular, a coagulação do sangue, a transmissão dos impulsos nervosos e o equilíbrio hormonal. A carência prolongada de cálcio pode trazer sérios prejuízos à saúde”, alerta.
Sintomas da deficiência de cálcio
Por apresentar sintomas que podem ser confundidos com algumas doenças, como unhas fracas e cabelos quebradiços, cansaço constante e câimbras musculares, a deficiência nem sempre é percebida no início, mas pode se tornar perigosa.
“A prevenção e o monitoramento do nutriente, realizada por meio de exames de sangue, são fundamentais, especialmente em fases como a adolescência, a gestação, a menopausa e a terceira idade”, destaca José Ricardo Scalise.
Doenças relacionadas à deficiência de cálcio
A carência de cálcio pode evoluir para quadros mais sérios, como:
1. Osteopenia e osteoporose
Condições caracterizadas pela diminuição da densidade mineral óssea, o que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas. A osteopenia é considerada um estágio intermediário entre ossos saudáveis e osteoporose, sendo diagnosticada quando a densidade óssea está abaixo do normal, mas ainda não suficientemente baixa para ser classificada como osteoporose.
A osteoporose é uma condição mais avançada e séria, caracterizada por ossos frágeis e porosos, com risco elevado de fraturas, especialmente na coluna, quadril e punho. É mais comum em mulheres após a menopausa, devido à queda nos níveis de estrogênio, mas também pode afetar homens e pessoas mais jovens, especialmente quando há fatores de risco como sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool ou deficiência de cálcio e vitamina D.
2. Raquitismo
Doença infantil causada principalmente pela deficiência de vitamina D, cálcio ou fósforo, nutrientes essenciais para o desenvolvimento adequado dos ossos. Essa condição afeta o processo de mineralização óssea, resultando em ossos fracos, moles e deformados, especialmente nas pernas, costelas e crânio.
O raquitismo é mais comum em crianças em fase de crescimento, principalmente entre os 6 meses e os 2 anos, quando a necessidade de vitamina D é maior. Os sintomas podem incluir atraso no crescimento, dor óssea, fraqueza muscular e deformidades esqueléticas visíveis.

3. Hipocalcemia
A hipocalcemia é caracterizada pela baixa concentração de cálcio no sangue. As causas mais comuns incluem deficiência de vitamina D, distúrbios das paratireoides (como o hipoparatireoidismo), insuficiência renal crônica e uso de certos medicamentos. Os sintomas variam de leves a graves e podem incluir formigamento nas extremidades, espasmos musculares, cãibras, confusão mental e, em casos mais severos, convulsões ou arritmias cardíacas.
4. Alterações hormonais
O cálcio influencia a produção de hormônios como o hormônio paratireoideano (PTH), que regula o metabolismo ósseo. Alterações hormonais podem ter um impacto significativo na saúde física e emocional, pois os hormônios regulam funções essenciais como o metabolismo, o crescimento, o sono, o humor e a reprodução. Quando em desequilíbrio, podem provocar sintomas variados, incluindo fadiga, ganho ou perda de peso, alterações de humor, distúrbios menstruais, infertilidade e problemas ósseos.
Tratamento para a deficiência de cálcio
Em casos de deficiência comprovada, pode ser necessário o uso de suplementos de cálcio, sempre com orientação médica. A vitamina D também é essencial, pois ajuda na absorção do cálcio pelo organismo. Se os sintomas forem frequentes, ou se houver histórico de doenças ósseas na família, é importante buscar avaliação com um endocrinologista ou clínico geral.
“Exames laboratoriais simples podem detectar alterações nos níveis de cálcio e indicar a necessidade de intervenção. A reposição não deve ser feita por conta própria. Excesso de cálcio também pode ser prejudicial e causar problemas renais e cardiovasculares. O ideal é sempre buscar equilíbrio e orientação profissional”, aponta José Ricardo Scalise.
Fontes alimentares de cálcio
Principal fonte de cálcio e aliada de quem quer manter a saúde em dia, a alimentação mais uma vez é protagonista. Alguns dos alimentos mais ricos incluem leite e derivados (como iogurte e queijo); folhas verde-escuras (couve, brócolis, espinafre); sardinha; tofu, amêndoas e sementes de gergelim; e bebidas vegetais fortificadas (como leite de soja enriquecido).
Por Camila Crepaldi
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