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ELEIÇÕES 2014

Mauro Mariani garante que saiu vencedor do pleito

Luzardo Chaves - luzardo@gazetasbs.com.br | Estado

30/04/2014 - 11:58

O resultado da pré-convenção do PMDB, ocorrida no último sábado, ainda vai dar muita repercussão. Nesta semana, muitos líderes partidários, que aguardavam os resultados da votação peemedebista, começaram as movimentações para os acertos visando a campanha eleitoral.


“O governo é medíocre, é um modelo político administrativo que se exauriu em Santa Catarina. Não produz mais nada de bom para o Estado.”


Embora muitos partidos − considerados menores − começam a tomar rumo após a definição do PMDB pela manutenção da aliança com o governo de Raimundo Colombo (PSD), para os principais líderes do movimento que bateu de frente com o grupo liderado pelos mais antigos caciques da sigla, dentre eles Luiz Henrique da Silveira, Eduardo Pinho Moreira e Cacildo Maldaner, o partido carece de uma reforma urgente para deixar a democracia ainda mais latente.

Personagem principal do embate entre os dois grupos, o deputado federal Mauro Mariani, aos poucos, vai analisando o resultado, mais do que isto, analisa a fórmula que o PMDB tem utilizado para decidir pelo seu futuro contando apenas com os votos de delegados, quando o correto, entende, seria contar com a votação de todos os filiados. Para o parlamentar, há necessidade urgente de uma mudança, a fim de dar maior transparência para os processos que envolvem este que é um dos principais partidos de Santa Catarina.

Nesta semana, o deputado conversou com A Gazeta e revelou algumas questões que merecem uma análise mais detalhada. Confira a entrevista:

“Não tenho dúvidas de que precisamos de algo novo para Santa Catarina, mas é algo que esse governo não está conseguindo oferecer.” 

Uma análise sobre a votação de sábado.
Enquanto as decisões do PMDB em convenção forem tomadas apenas pelos delegados, será sempre dessa forma. A maioria dos delegados são cargos comissionados, e a outra parte está atrelada aos prefeitos.

Mas no que isso muda?
Mariani: Muda que os prefeitos vivem pressionados, sem dinheiro. Aí quem tem a máquina nas mãos chega e oferece R$ 1,5 milhão do Fundam e mais uns R$ 500 mil de recursos, aí é claro que ele se rende. É uma lógica, o prefeito vai salvar a pele dele. 

Mas a votação foi mais de 60%.
Sim, mas é bom observar que a votação não reflete a realidade, mas sim a força da máquina que eles tinham nas mãos. Os 40% dos votos que recebemos refletem 80% dos votos do partido.

Mas o governo não está bom para satisfazer o eleitor?
O governo é medíocre, é um modelo político administrativo que se exauriu em Santa Catarina. Não produz mais nada de bom para o Estado. Basta verificar a situação no Planalto Norte, a insatisfação é geral por parte dos municípios. Mas podemos verificar em outras regiões, como o Oeste, onde também estão penando em vários setores, incluindo a segurança pública.

O que mais desgasta o governo?
Muita coisa. Um exemplo é o gasto que o governo está registrando com as 36 regionais. É muita gente pendurada em cargo, e o povo pagando a conta. Não podemos mais conviver com esse tipo de situação. O governo gasta com tudo isso e diz que não tem dinheiro, não dá pra entender.

Pode haver uma reviravolta nisso tudo?
Não, nenhuma possibilidade. O que foi decidido está sacramentado e agora é só desenhar o projeto para a campanha eleitoral.

Mas tem o PP na jogada.
Sim, e o Raimundo Colombo tem a obrigação de pegar o PP na aliança sob pena de perder a eleição se não pegar este partido. Ele se comprometeu e agora precisa honrar isso, ele sabe que, se for diferente, vai perder as eleições. Quero ver como os caciques do PMDB vão admitir o PP na vaga de senador.

E você, Mauro, qual caminho vai seguir?
A essa altura do campeonato, meu caminho é disputar uma cadeira no Legislativo, por isso vou tentar a reeleição para continuar trabalhando pelo nosso Estado e vou continuar lutando por melhores condições para o PMDB.

Mas você saiu desgastado do pleito. Concorda?
Não, pelo contrário. Eu busquei colocar em prática a vontade do partido por uma mudança de verdade, para que os projetos políticos tivessem cunho de atendimento aos anseios da maioria, mas infelizmente nem todos entenderam assim. Sinto-me forte em saber que levantei uma bandeira que muitos estavam pedindo, e chegamos até o fim.

Para as eleições municipais de 2016, o que pode acontecer?
Pode não, vai ocorrer da gente encolher. Hoje contamos com 105 prefeituras administradas pelo PMDB, com esse fortalecimento do PSD, o nosso partido deve diminuir para algo entre 80 e 90 prefeituras. Infelizmente essa é uma realidade que será comprovada em 2016.


“Vai ocorrer da gente encolher. Hoje contamos com 105 prefeituras administradas pelo PMDB, com esse fortalecimento do PSD, o nosso partido deve diminuir para algo entre 80 e 90 prefeituras. Infelizmente essa é uma realidade que será comprovada em 2016.”


O que você gostaria que acontecesse para o Estado no cenário político?
Que realmente surgisse um projeto de mudança, mas mudança de verdade. Ainda espero o surgimento de um candidato que encarne a mudança de verdade, que possa quebrar os paradigmas instalados em Santa Catarina. Hoje estamos com projetos que não estão dando certo. Se realmente estivesse bem, não teria surgido esse movimento. O governo teve a maioria esmagadora na Assembleia Legislativa e poderia ter implantado projetos novos, mudanças positivas para o catarinense, mas nada disso foi feito.

Mas você acha que não está bem em que setores?
Existem vários setores que precisam ser tratados de perto e com mais seriedade. Basta olhar para a segurança pública, que está em situação delicada, assim como a educação, que está clamando por melhorias que não acontecem. Temos uma série de situações que a comunidade catarinense cobra, mas o governo apenas assiste e não reage de maneira eficiente, apenas quando as coisas chegam ao extremo.

Mas o governo diz que está agindo.
Está com uma visão equivocada de governo. Deixa para agir somente quando a coisa está realmente em situação delicada. O governo se arrasta para conseguir colocar em prática o que precisa para melhorar a situação. Não tenho dúvidas de que precisamos de algo novo para Santa Catarina, mas é algo que esse governo não está conseguindo oferecer.

Quem é o Mauro


Mauro Mariani nasceu em 1964, na cidade de Bituruna/PR
• Aos 19 anos chegou a Rio Negrinho e foi trabalhar em uma fábrica de móveis. Após alguns anos se tornou empresário do ramo moveleiro (Só Berços – Rio Negrinho) e de tintas (Madequimica – Show Tintas, Rio Negrinho).
• Formado em Gestão Pública, filiou-se ao PMDB no ano de 1995.
• Em 1996 foi eleito Prefeito de Rio Negrinho, sendo reeleito no ano de 2000 com ampla maioria de votos.
• Em 2002 concorreu como deputado estadual e conquistou uma vaga na Assembleia Legislativa.
• Em três oportunidades assumiu a Secretaria de Estado de Infraestrutura, de 2005 até 2006; em 2007; e entre 2009-2010.
• Em 2006 concorreu pela primeira vez à Câmara dos Deputados, quando foi eleito com 171.139 votos.
• Mauro Mariani está em seu segundo mandato como Deputado Federal, reeleito em 2010 com a maior votação da história de Santa Catarina, ao somar 186.733 votos.
• Na Câmara, atualmente, preside a Comissão Especial do Estatuto da Metrópole, é membro das Comissões de Desenvolvimento Urbano e de Viação e Transportes.

Quanto ao Cláudio Vignatti, que estava na expectativa de ser aliado seu na campanha?
É um grande sujeito e que está interessado em trabalhar pelo bem do Estado, um rapaz jovem e que pode fazer frente aos demais candidatos. Ele enfrentou, dentro do PT, a mesma situação que enfrentamos aqui no PMDB, lutou contra um sistema, contra o caciquismo que estava implantado há muitos anos e conseguiu mudar. Ele é uma pessoa muito guerreira e que vai continuar correndo em busca dos resultados. Se nosso partido funcionasse como o PT, em que todos os filiados votam, o resultado seria diferente.

Mas o PT não vai ter alguma dificuldade no Estado?
Sem sombra de dúvidas. Eles terão dificuldades pela falta de participação mais efetiva do governo federal no Estado. Isso, é claro, vai se refletir numa eventual candidatura do Vignatti ao governo. Mas isso faz parte da política, e ele está ciente do que vai enfrentar.

Você acha que teremos algo novo no Estado para a campanha?
Pelo que está se desenhando, teremos o Raimundo Colombo representando a continuidade do modelo que aí está. Tem ainda o Paulo Bauer, que trará todo o apelo regional para a campanha, podendo trabalhar com cautela os pleitos da região. Por último, teremos o Vignatti, que traz sua juventude e o sentimento de mudança verdadeira. Cabe ao eleitor escolher quem ele quer para seguir governando o Estado.

Algum ressentimento?
Não, só gostaria de agradecer a todas as pessoas que nos apoiaram, que torceram por uma vitória nossa, mas infelizmente não foi possível. Mesmo assim, quero dizer muito obrigado a todos, e vamos continuar trabalhando por dias melhores.

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